terça-feira, 25 de março de 2008

Ruth Laus e a Galeria Villa Rica


Nos primeiros anos da ditadura militar no Brasil, os “críticos de arte” recorreram ao repertorio ideológico da esquerda para evocar-invocar as vozes silenciadas, as representações mutiladas e os símbolos desintegrados. Em torno da “Galeria Villa Rica”, Ruth Laus forjou os restos de identidade nacional, os laços da memória simbólica do passado para unir as vítimas da historia.

Como uma “ação de arte”, Ruth Laus define seu trabalho que, em junho de 1956, se iniciou numa rua do Rio de Janeiro, com o nome “Villa Rica”. O trabalho de Ruth consistiu simplesmente em alterar a cultura ditatorial traçada na cidade para dividi-la como eixo da cultura. Para quem se organiza uma exposição? Organiza-se para um público médio, de certo nível cultural, mas sem especialização. As exposições organizadas por Ruth Laus, na Villa Rica, foram dirigidas a essas pessoas, e não só aos intelectuais e colecionadores. Para Ruth a exposição deve ser clara, de forma que o espectador possa compreender a mensagem do artista. Hoje a maioria das exposições é “manipulação, estratégia de ocupação de espaço e de invenção de poder”.

Os textos de arte reunidos no livro “Villa Rica - um tempo feliz”, por Ruth Laus, demonstram que crítica de arte é um “diálogo” com a obra de arte. As exposições realizadas, na Villa Rica, nos dias tumultuosos da ditadura militar, demonstram que, a preocupação dos críticos de arte como Harry Laus, Marc Berkowitz, Quirino Campofiorito, não era mostrar os conceitos - e, sim a obra.

O mais importante em torno da Galeria Villa Rica foi a emergência de vozes de destinos âmbitos - desde a arte, a literatura, a reflexão sobre arte - que trabalhavam buscando novas linguagens e que se deram conta que o Brasil vivia uma realidade quebrada.

Magno Fernandes dos Reis (ABCA-MG)

Magno Fernandes dos Reis é crítico de arte e professor de jornalismo cultural e crítica de arte na Faculdade de Jornalismo de Chiapas, México; É membro da ABCA e da AICA - Associação Internacional de Críticos de Arte. (Publicado no jornal da ABCA (Associação Brasileira de Críticos de Arte) em sua edição de dezembro de 2007 (Ano VI, nº 14)

1 Comentários:

Às 19 de setembro de 2008 às 00:01 , Blogger Unknown disse...

O tempo faz a gente esquecer a lembrança das pessoas que nós amamos.

Uma semana após, beijo grande.

Cesar

 

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